Gartner: 3 tendências das principais organizações de Supply Chain

supply chainA mais recente edição do “The Gartner Supply Chain Top 25”, que lista os líderes globais da cadeia de suprimentos e destaca suas melhores ações, revelou que o foco dessas empresas está na construção de organizações orientadas a objetivos, na transformação do modelo de negócio e no investimento na digitalização para obter sucesso. Além disso, conforme enfatizado pelo Gartner, “os líderes da cadeia de suprimentos exibem adaptabilidade e resiliência, especialmente durante os períodos de interrupção”.

 

Diante das grandes mudanças desencadeadas pela pandemia global, as organizações de Supply Chain têm lidado com variações acentuadas e muitas vezes imprevisíveis na demanda, dificuldade no acesso às matérias-primas e no transporte de mercadorias. Para o Gartner, os diretores de logística podem aprender com a estratégia e a liderança das principais cadeias de suprimentos globais e moldar seu comportamento focando na construção de cadeias mais fortes no futuro. “Os líderes precisam de uma estratégia ágil ou adaptável que permita que a organização perceba e responda às mudanças no contexto comercial à medida que elas ocorrem”, diz Mike Griswold, VP Analyst do Gartner. De acordo com o órgão, as organizações listadas no Top 25 deste ano compartilham três tendências, listadas a seguir:

 

Tendência nº 1: Orientação a propósitos

 

Segundo o Gartner, no último ano, a Business Roundtable (BRT), organização que reúne cerca de 200 grandes empresas nos Estados Unidos, emitiu uma declaração de propósito considerada “revolucionária” pelo órgão. “Esse influente grupo expandiu o objetivo, buscando não apenas maximizar o retorno dos acionistas, como também agregar valor para o benefício de todas as partes interessadas: clientes, funcionários, fornecedores e comunidades, além de investidores”, destaca.

 

Ainda de acordo com o Gartner, a Covid-19 acelerou essa mudança nas prioridades comerciais da BRT, à medida que as cadeias de suprimentos se flexionavam para ajudar comunidades e funcionários em todo o mundo. As empresas de vestuário mudaram a produção de roupas para equipamentos de proteção individual, as empresas de bebidas alcoólicas começaram a fabricar desinfetantes à base de álcool e as empresas de automóveis fizeram o pivô para fabricar ventiladores – tudo em questão de semanas.

 

“Enquanto a pandemia levou muitas empresas a repensarem sua parte no mundo, algumas organizações já estavam em ação”, salienta o Gartner. A organização cita o exemplo da Unilever, que já havia mostrado que estava focada no mundo e na comunidade, através do seu compromisso em adquirir óleo de palma “livre de desmatamento” e também da ênfase na “automação responsável” e na qualificação dos funcionários.

 

Tendência nº2: Abertura para a transformação de negócios

 

As cadeias de suprimentos não são imunes à interrupção digital. Segundo o estudo Gartner Future of Supply Chain, mais da metade das organizações da cadeia de suprimentos, em vários setores, acredita que correm o risco de serem interrompidas nos próximos anos.

 

Diante disso, o Gartner chama a atenção para algo de extrema importância: em vez de esperar para serem interrompidas, as principais cadeias de suprimentos se tornaram “as disruptoras”. Esse é o caso da L’Oreal, que transformou sua cadeia mudando totalmente seu modelo de negócios para se tornar um varejista com localizações físicas para BOPIS (Buy Online Pick up in Store) e recursos para direct-to-consumer.

 

O órgão enfatiza que os “disruptores” demonstram um profundo entendimento dos desejos dos consumidores para oferecer uma experiência elevada ao cliente e impulsionar os negócios. Um outro exemplo citado é o da Lenovo, que traduz as demandas dos clientes em ações diretas na fabricação e no fornecimento. A empresa está trabalhando para coletar feedbacks para pesquisa e desenvolvimento para produtos futuros. Para o Gartner, “as cadeias de suprimentos que desejam permanecer relevantes no mundo digital precisarão se adaptar, seja reinventando seus negócios, adquirindo startups para obter novos conhecimentos ou descobrindo como fornecer recursos de uma nova maneira”.

 

Tendência nº 3: Digitalização

 

Diante do contexto econômico atual, é tentador recuar nos investimentos em tecnologia. Entretanto, as principais cadeias de suprimentos fazem o contrário: apostam na inovação porque entendem que esse investimento permite que a empresa prospere em tempos incertos. “As cadeias de suprimentos avançadas estão crescendo e, em alguns casos, acelerando os investimentos em visibilidade em tempo real, planejamento e recursos de execução ágil, o que as torna adequadas para suportar as incertezas na demanda”, diz Griswold.

 

De acordo com a pesquisa Gartner User Wants and Needs, a análise avançada e os aplicativos de big data são as tecnologias mais importantes e adotadas com mais frequência, seguidas pelas aplicações de automação de processo robótico (RPA), inteligência artificial (IA) / aprendizado de máquina e Internet das Coisas (IoT)

 

O Gartner destaca ainda que os líderes da cadeia de suprimentos reconhecem que, para se beneficiar desses investimentos em tecnologia, sua organização precisa de uma força de trabalho pronta para o digital, por isso, dão ênfase na busca de talentos com habilidades para apoiar futuros negócios. Segundo o órgão, algumas empresas, como HP Inc., Intel e Schneider Electric, têm treinamento interno para desenvolver habilidades nos funcionários. Outros desenvolveram relações estreitas com as universidades para criar um currículo que apoiará o futuro do trabalho. “Independentemente de como, as principais cadeias de suprimentos se concentram no desenvolvimento de um ecossistema de trabalho saudável para continuar a inovação e promover uma melhor experiência do cliente”, finaliza o Gartner.

 

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