Um assunto bastante discutido pelos especialistas em Supply Chain durante a pandemia da Covid-19 é a interrupção na cadeia, não apenas a que está acontecendo agora, mas também outras que possam vir a ocorrer. Com o grande impacto do coronavírus no mundo todo, foi possível constatar as fragilidades da cadeia de suprimentos em nível nacional e também em nível global.
A partir disso, muitos têm chamado a atenção para a construção de uma cadeia mais resiliente, que seja capaz de lidar com futuras interrupções, sejam elas desencadeadas por desastres naturais, crise políticas, problemas de saúde, dentre outras causas. E, para a maioria desses especialistas, o caminho está na busca de inovações, contando com tecnologias que ofereçam plataformas avançadas de planejamento e otimização tanto em nível gerencial como operacional.
Uma posição unânime é a de que Covid-19 acelerou fortemente a digitalização das empresas. Aquelas que tinham planos de se digitalizar nos próximos três ou cinco ou anos acabaram antecipando seus projetos para que pudessem driblar as dificuldades e atender às novas demandas. As que já estavam digitalizadas têm buscado novas soluções e o aprimoramento de suas ferramentas, pensando não apenas no momento atual, mas principalmente no preparo para o futuro, uma vez que as inovações oferecem um suporte fundamental para análise de cenário e tomada de decisões. Entenda nos tópicos a seguir.
Inteligência Artificial
Em artigo publicado na página da Association for Supply Chain Management (ASCM), Henry Canitz, Diretor de Marketing de Produto e de Desenvolvimento de Negócios na Logility, fala sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) para simular possíveis interrupções, encontrar maneiras de mitigar os efeitos e direcionar a criação de planos de ação que possam ser implantados rapidamente. Conforme explica, essas plataformas usam dados de ponta a ponta da cadeia de suprimentos e a inteligência de aprendizado de máquina para detectar rapidamente as mudanças, alertar os usuários, sugerir as melhores respostas e ações. Eles fortalecem os recursos de tomada de decisão, fornecendo dados e análises durante situações de alta pressão.
Visibilidade e análise de dados por meio da digitalização
Em texto anteriormente publicado neste blog, tratamos do relatório pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) sobre as cadeias de suprimentos resilientes. Um ponto bastante enfatizado pelo órgão foi a visibilidade da cadeia de ponta a ponta. Segundo o WEF, ter uma visão completa é crucial para entender o impacto da interrupção. Para alcançar essa visibilidade de forma estratégica e assertiva, é preciso abandonar o papel e investir na digitalização.
Na opinião de Canitz, a visibilidade de ponta a ponta e o aprimoramento por meio de análises avançadas exigem, em primeiro lugar, dados abrangentes, claros, consistentes e atuais da cadeia de suprimentos. “Uma vez disponíveis, as plataformas podem atendê-lo em tempo quase real, no formato necessário para dar suporte aos processos de planejamento e otimização”, afirma. Ele complementa dizendo que há uma possibilidade imensa de armazenamento digital de dados, os quais seriam muito úteis para detectar e responder rapidamente às interrupções na cadeia.
Agilidade na análise de dados e tomada de decisões
Outra capacidade fundamental é a agilidade da cadeia de suprimentos, defende Canitz. Para ele, uma empresa ágil consegue responder às interrupções de maneira lucrativa. “Essa agilidade é obtida por meio de recursos que permitem a identificação rápida de mudanças, a tomada de decisões e respostas ideais que maximizam os benefícios da empresa”, defende.
Ainda na opinião do especialista, a agilidade pode ser maximizada aproveitando os recursos humanos e tecnológicos. Os seres humanos se destacam na solução de problemas que exigem bom senso, generalização, criatividade, e manejo de dilemas éticos e ações subjetivas. Já os sistemas se destacam na localização de dados e informações, desenvolvendo uma solução eficaz, eliminando desvios, reduzindo o tempo do processo e lidando com decisões repetitivas. Para Canitz, uma cadeia de suprimentos ágil pode lançar rapidamente novos produtos, desviar produtos de um destino para outro e responder a oportunidades e interrupções. Daí a importância de investir na digitalização dos processos.
Vale acrescentar que, em seu relatório, o WEF ressaltou que a visibilidade total da cadeia é essencial para otimizar a eficiência e a agilidade.
Automação para obter velocidade
A crise atual tem nos mostrado que tudo muda muito rapidamente, por isso, uma capacidade essencial para sobreviver às interrupções na cadeia é a velocidade: rapidez para identificar a interrupção, para analisar os dados disponíveis, para obter a melhor resposta e executar as ações necessárias. Com a digitalização é possível tomar essas ações de forma rápida porque as ferramentas disponíveis fornecem atualizações críticas, mudanças de tendência, alertas e execução de tomada de decisão e ação. Um exemplo é o sistema WMS, que, além de trazer mais produtividade e agilidade nos processos internos, oferece dados em tempo real da operação, notificando automaticamente sempre que acontece qualquer divergência. Isso facilita muito a análise dos dados e a tomada de decisões.
Conforme Henry Canitz destaca em seu artigo, o tempo entre a interrupção e a resposta ideal pode ser reduzido em um fator de 10 por meio da automação / digitalização. E ele questiona: “imagine o que essa compactação de tempo poderia permitir à sua empresa e quanto valor isso poderia criar?”. Na sua opinião, a automação pode auxiliar a empresa durante uma interrupção em várias medidas, como: alteração dos planos de compra, redirecionamento do estoque, relacionamento com fornecedores e gestão dos recursos financeiros, por exemplo.
Perguntas-chave
Por fim, Canitz afirma que sobreviver à pandemia da Covid-19 levará muitas operações logísticas e as pessoas que as gerenciam aos seus limites. Para ajudar as empresas, ele lista uma série de perguntas que devem ser discutidas em equipe:
• Temos acesso a dados abrangentes, claros, consistentes e atuais de toda a cadeia de suprimentos (dos nossos fornecedores ao consumidor final)?
• Temos um plano para adotar análises avançadas, IA e aprendizado de máquina em nossas operações?
• Temos a capacidade de executar vários cenários hipotéticos para analisar como nossa operação será afetada por diferentes tipos de interrupções?
• Podemos desenvolver planos de mitigação para cenários com maior probabilidade de ocorrência?
• Podemos sentir rapidamente uma interrupção estendida, analisar opções para mitigá-la e executar a melhor resposta?
O especialista ressalta: se você responder “não” – ou mesmo “talvez” – a qualquer uma dessas perguntas, é hora de levar a sério e priorizar a digitalização na sua empresa para um futuro melhor e mais intuitivo.
Para saber mais sobre as inovações para a Logística, baixe o nosso whitepaper Logística e Supply Chain 4.0: estratégias e tendências.
Referência: ASCM.